Era do Renascimento (1400 a 1500) seculo XV - Atelier das bonecas Mimi

Era do Renascimento (1400 a 1500) seculo XV

14 julho, 2021

A Moda na Renascença

A chamada Renascença começou perto do ano de 1400 na Itália e se estendeu até os anos de 1500. Durante este tempo a Europa fez a transição do mundo medieval para o inicio da chamada Era moderna, muito mais próspera. A devastação da peste negra reduziu a população europeia drasticamente, os que sobreviveram resolveram buscar uma vida mundana e cheia de luxos.

A moda renascentista carrega traços da Era gótica medieval.
 Comerciantes e navegadoras faziam o comercio em rotas asiáticas e via oceano. Eles trouxeram do oriente para a Europa sedas, brocados, novas técnicas de tingimento, temperos, perfumes e jóias nunca antes vistas. Este merchandise asiático foi inserido na Europa por famílias como os Borgias e os Médici.
A moda italiana renascentista era simples mas com tecidos luxuosos, joalheiria elegante e cores brilhantes. Lá por 1450, os vestidos femininos passaram a ter a parte de cima separada da saia, dando origem aos primeiros corpetes. As mangas, em homens e mulheres eram bastante elaboradas e bufantes. O comercio levou esta moda italiana para países como a França, Alemanha e Inglaterra. Geralmente a moda renascentista inglesa era menos graciosa que a moda italiana e menos exagerada que a alemã. Durante os anos de 1500, devido às transações comerciais, a moda de um pais influenciou e até mesmo se misturou com o outro. Em 1550, as cortes inglesa, francesa e espanhola usavam a moda alemã amenizada. Inglaterra e Espanha disputavam o domínio do comércio marítimo e tiraram a liderança italiana da moda. O “estilo espanhol” para as mulheres, com seus corsets de couro e farthingales cônicos (um dos primeiros farthingales espanhóis data de 1470 e foi popular durante toda a era elizabetana) com elaboradas anáguas (petticoats) se tornaram moda em toda europa.

Lembrando que as referências históricas visuais que temos de cada época são representações dos nobres e burgueses. Os populares vestiam-se sempre de forma mais simples que os ricos ou de acordo com suas ocupações.
Houve muitas variações de estilo durante a Era Renascentista. O texto abaixo é um resumo das características principais da moda renascentista na Inglaterra. Mas havia também a moda alemã, espanhola, italiana, francesa, polonesa etc.

Características Gerais da Moda da Era Renascentista:
Empregava tecidos caros e elegantes (brocado, veludo, seda).

Renascença Alemã

O vestuário de senhora acentuava as formas naturais do corpo, enfatizando discretamente o peito e acentuando o quadril;
A saia caía com pregas largas e generosas e o corpete justo apresentava um decote quadrado ou circular;
Um lenço e um leque eram acessórios importantes, o uso dos anéis era de grande importância e representavam a possibilidade de uma dama viver sem precisar trabalhar na lida com as coisas da casa.
A roupa de homem era composta por um casaco que ia até ao joelho (ou era mais curto), gibão (uma espécie de colete) com diversos tipos de gola e com ombros almofadados, beca, calções até os joelhos, chapéus achatados e largos, camisas amplas com punhos justos (chemise), sapatos de couro e sola baixa com bico de pato, correntes e capas curtas presas no ombro.

Sobre o Traje da Era Tudor (Inglaterra)

Durante o século XVI, o Nordeste da Europa e as Ilhas Britânicas tiveram um período de frio extremo, fazendo com que as roupas passassem a ter mais camadas de tecidos, inclusive bem pesados. As silhuetas são amplas, de forma cônica para as mulheres e larga na parte dos ombros para os homens, obtida através de golas e mangas largas. Usavam uma camisa de linho (chemise), um gibão que expunha as mangas do chemise, meias calças que eram como os leggings de hoje e um vestido tipo capa que era aberto na frente e de mangas curtas, podendo ir até o tornozelo e posteriormente até os joelhos.
Sobre os acessórios: os chapéus, tinham borda arrebitada ou arredondadas. Sapatos, masculinos ou femininos, eram lisos de fôrma arredondada e mais tarde em fôrma quadrada. Botas eram usadas para montar a cavalo.
O traje feminino da Era Tudor era composto por um vestido longo com mangas sobre uma chemise. A moda feminina na época tinha contrastes, pois cada esposa do Rei era de uma nacionalidade. Ana Bolena usava a moda francesa e Catarina de Aragão, a moda espanhola. Na moda espanhola os vestidos tinham a cintura natural e corpete de ponta em V, os espartilhos não eram para apertar e deformar o corpo como na Era Vitoriana, mas para dar postura rígida. As saias eram elaboradas e volumosas. Chapéus, capuzes e redes de cabeça eram os acessórios.


A moda francesa tinha vestidos com decote quadrado que revelava a chemise junto à pele e tinha mangas justas. Esse traje evoluiu para um espartilho e a frente da saia exibindo bordados e enfeites, as mangas se tornaram justas em cima e largas embaixo, ao estilo trompete. Como acessórios de cabeça, muitos véus cobrindo o cabelo e capas. Os cabelos, separados no meio ou torcidos sob o véu. Havia um adorno chamado capelo, arredondado que mostrava a parte dianteira da cabeça (foto de Ana Bolena ao lado).
As cores das roupas costumavam ser vibrantes, mas a moda espanhola, ajustada e sombria devido ao gosto do Imperador Carlos V pela sobriedade, ficou em voga no fim do reinado de Henrique, assim como no reinados de seus dois filhos que o sucederam: o do rei menino Eduardo VI e Maria Tudor. Então, entrou em voga uma silhueta ainda mais rígida fazendo as pessoas encorparem suas roupas usando enchimentos de trapos, feno e outros resíduos; essa postura altiva, abriu camino para o aparecimento do rufo Imagens da moda Tudor (reinado de Henrique VIII)
 

Moda da Era Elizabetana (Inglaterra)

A Rainha Elizabeth I se inspirava na moda francesa, italiana, espanhola e holandesa. Havia mais opulência nas peças, pulsos e a gola com babados evoluiu para rufos imensos (postagem em breve) houve o aparecimento do farthingale (armação de saia). O estilo espanhol só não era predominante na França e na Itália. Roupas pretas eram usadas em ocasiões solenes. O corpete usado sobre os espartilhos era em forma de V, as mangas tinham forros contrastantes, as saias eram abertas na frente mostrando anáguas bordadas.
Uma boa imagem do traje elizabetano é a obra "Rubens e sua esposa Isabella Brant" (acima à direita).
Os homens usavam gibão, camisa com colarinho e pulsos com babados, jaqueta sem manga, usavam uma espécie de meias calças, capa era indispensável, mandilion, sapato arredondado ou botas que começavam a ter saltos e eram justas e até a altura das coxas e chapéu.



Depois da moda do Renascimento, veio a Moda do período Barroco, que foi determinado pela cortes católicas da Espanha onde o preto era muito comum (para postagem sobre a cor preta no vestuário, sendo a cor correta a ser usada publicamente como demonstração da índole religiosa de qualquer pessoa. O preto era aceito como adequado também para os vestidos de noiva, embora tenha sido neste momento que surgiu o vestido de noiva branco como novo padrão de elegância.

Postagem complementar à Era Renascentista: O Rufo

Origens do Rufo:
No século XVI, uma peça chamada chemise era usada sob as roupas. Muito utilizada na Espanha, Inglaterra e França, esta peça indicava limpeza corporal e eram trocadas constantemente (já que naquelas épocas as pessoas ficavam muito tempo sem banho). A gola destas chemises, possuía um cordão que, puxado, amarrava a gola; essa gola, franzida pelo cordão, era visível por baixo das roupas masculinas e femininas. Posteriormente as golas das chemises foram engomadas e plissadas até darem origem ao chamado rufo, que foi uma forte tendência de moda começada entre 1530 e 1540. "E como sempre ocorre na moda, as pessoas começaram a competir entre si para mostrar quem tinha a versão mais absurda dos tais rufos", diz a autora do livro “Breve História da Moda”, Denise Pollini.

Nas foto abaixo, da série The Tudors, o personagem exibe uma chemise. A gola branca da chemise pode ser vista por baixo das roupas na segunda foto, já tomando a forma de um mini-rufo.
No traje feminino, a chemise era discretamente vista por baixo dos vestidos, algumas vezes a chemise poderia ter a borda colorida ou bordada.


Os rufos, de gola, passaram a ser uma peça separada, engomada, plissada e colocada em torno do pescoço. A função do rufo era proteger o resto da roupa de restos de comida, e com a competição de quem tinha um rufo mais absurdo, a peça virou sinônimo de status social, afinal, usar um rufo impedia quem o usava de trabalhar ou realizar tarefas que exigissem esforço, já que poderia chegar a ter 45cm de altura. O visual adquirido por quem usava a peça era austero, impedindo a pessoa de ter uma postura mais relaxada. E austeridade, naquele período, era fundamental, vide os enchimentos que se usavam nas roupas masculinas e os corsets forrados nas roupas femininas (postagem sobre a Moda Renascentista Inglesa). O rufo era sinal de aristocracia, uma demonstração hierárquica.

Um pouco da evolução do rufo:
Em 1550 o rufo começou a aumentar gradativamente até ficar gigantesco em torno de 1590.
Em 1570 eles tornaram-se fashionáveis (fashionáveis=criações diferenciadas). Eles eram usados fechados, mas como vemos em algumas pinturas, também foram feitos rufos em formato de gola aberta para serem anexados aos vestidos.

Na Europa, a arte de engomar os rufos era muito valorizada e esses rufos eram exportados para a Inglaterra direto das "casas de engomar" onde os rufos eram lavados, engomados e ganhavam forma com ferros de forma cônica aquecidos na brasa.
Em 1580, os rufos se expandiram para fora e para cima, ficando maior no diâmeto e com forma achatada algumas vezes sendo usados não cobrindo o espaço do ombro ao pescoço (imagem ao lado da Rainha Elizabeth I), deixando o colo exposto e se elevando em asas de gaze atrás da cabeça.
Nesta década também aumentou o uso de renda nos rufos, antes apenas usada nas bordas do linho para aumentar alguns centímetros, agora os rufos eram até mesmo feitos todo de renda com bordas adornadas de lantejoulas e bordados.

Como a moda da década de 1590 exigia decotes mais baixos para as mulheres, os rufos além de usados fechados, ainda eram usados na forma aberta maiores e mais decorados ainda, algumas vezes com as bordas voltadas para a frente do vestido. Mas é bom lembrar que nem todas as pessoas seguiam essa moda, alguns preferiam o rufo justo e fechado bem junto ao pescoço (imagem ao lado).

A Rainha Elizabeth I usou e abusou dos rufos no seu reinado. Abaixo imagens dos mais variados tipos e tamanho de rufos usado no século XVI.



Um pouco do rufo na vestimenta masculina:



A Rainha Elizabeth faleceu em 1603, após seu reinado, lá por 1630, os rufos foram desaparecendo gradativamente e evoluíram para uma espécie de gola ampla e caída.


Como não havia a moda específica para crianças, elas eram vestidas com trajes iguais aos de adultos, usando os rufos, inclusive.


Com o desaparecimento dos rufos, começaram a surgir os modelos de gola mais próximos do que conhecemos hoje, mas ainda eram altas e rígidas. Até 1800, seu acabamento engomado tornava-as afiadas ao ponto de cortar as orelhas dos homens. Isso explica porque as golas das camisas masculinas até hoje são mais rígidas, entreteladas. Antigamente essas golas eram para serem usadas levantadas, a própria gola da camisa pólo, modelo criado em 1929 por René Lacoste, era para ser usada originalmente com o colarinho levantado.

Herança do rufo: golas de camisas masculinas engomadas e rígidas no período Vitoriano (séc XIX) e Eduardiano (século XX).


Uma curiosidade é que, com rufos maiores, era quase impossível levar os talheres à boca, pode ser por esse motivo que os cabos foram aumentados. Isso mostra como a moda, é responsável por mudanças de objetos e hábitos culturais através dos tempos.
Quem ainda vê a moda ainda apenas como roupa, futilidade e algo sem importância, passageiro, não consegue perceber o quanto ela é importante para explicar porque e o quê somos e temos hoje. 

FILMES
A Rainha Margot (1994)
Elizabeth (1998)
Elizabeth - A Era do Outro (2007)
A Outra (2008)
Shakespeare Apaixonado (1998)

Créditos: Toda esta informação não é da minha autoria, foi retirada da internet, bem como as fotografias, do blog http://modahistorica.blogspot.com, apenas me interesso por história da moda e compartilho com quem gosta também.

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