Lingerie Histórica - Atelier das bonecas Mimi

Lingerie Histórica

em 16 julho, 2021

Lingerie Histórica - Farthingale e Guardainfante

Farthingale
Farthingale é a forma como é chamada qualquer uma das várias estruturas usadas sob a roupa das mulheres europeias no final do século XV até o século XVI, para dar a forma desejada nas saias. 

O Farthingale teve sua origem na Espanha em1570 e eram aros de formato arredondado, inicialmente feitos de cana e lá por 1580, feitos com barbatanas de baleia. Uma das fontes mais antigas diz que a Princesa Juansholab usou esse tipo de armação para encobrir uma  possível gravidez ilegítima  em meados  de 1460. A corte viu e imitou. 

Nas primeiras imagens do farthingale espanhol é possível ver os aros visíveis na superfície exterior de saias, embora mais tarde eles se tornaram parte de baixo delas - imagem ao lado: farthingale espanhol 1470-1480. 
A princesa espanhola Catarina de Aragão  levou a moda para a Inglaterra em seu casamento com o príncipe Arthur, o filho mais velho de Henrique VII em 1501, e as armações se tornaram essenciais na moda Tudor. 

O Farthingale também foi usado na França, mas existem poucos registros, na verdade só um desenho caricatural. Alguns historiadores afirmam que na verdade, o Farthingale francês era igual ao inglês mas com diferenças na construção.

Guardainfante
O Farthingale inglês, também é chamado de “Great Farthingale” e se tornou moda absoluta em 1590. Também não há peças sobreviventes desse vestuário, mas muitas referências visuais e escritas. O Farthingale tomou sua forma mais gigantesca com a Rainha Elizabeth I,  a peça fazia uma imensa circunferência ao redor do corpo. Ele era baixo na frente e alto atrás, alongando o torso e encurtando as pernas. Essa peça permaneceu na moda enquanto Elizabeth governou, saindo completamente de cena em meados do século XVII.
Na atualidade, os Farthingales são reproduzidos apenas por figurinistas, pessoas que reproduzem trajes históricos e a Era Renascentista é  uma das mais recentes tendências na Moda Gótica.


Veja também: Moda Renascentista

Permaneceu um acessório da corte conservadora espanhola até o início do século XVII, até evoluir para o chamado guardainfante.

Guardainfante era um tipo de armação amarrada na cintura e que também permitia esconder ou disfarçar a gravidez. 
Está muito bem representado nas pinturas do artista  espanhol Velázquez. 
Essa peça desapareceu da Espanha na segunda metade do século XVII, sendo substituído pelo pannier francês, considerado mais confortável para as mulheres. 

Comparando os modelos de formato: farthingale inglês:

Reprodução atual de um raro fartingale Francês:


Lingerie Histórica - Pannier

Pannier são as conhecidas “ancas” surgidos no século XVII (também chamadas de Guardainfante na Espanha).

O nome tem origem em um termo francês para cestas que são penduradas uma de cada lado de um animal de carga. Eram ancas laterais em barbatanas de baleia, galhos de vime ou de salgueiros e tinham a função de ampliar a saia vários metros para cada lado, podendo chegar a até quatro metros.

Claro que, era impossível duas damas andarem uma ao lado da outra, passarem por uma porta ou sentarem-se no mesmo sofá. A intenção, em sua forma mais extrema, na Corte de Maria Antonieta, no período Rococó, era que o tecido formasse uma tela plana onde todos os enfeites, laços, estampas e bordados pudessem ser apreciados de frente.
Até 1780 foram usados em vestidos de noite e em trajes de tribunal. Assim que a Revolução Francesa começou, os panniers desapareceram da moda.

Atualmente é raro ver alguma reprodução de peças com panniers. Com o lançamento do filme sobre Maria Antônieta, vez ou outra os panniers aparecem em algum trabalho de design alternativo. Mas ainda não se tornou uma tendência.

Pannier Francês:
Fotogafia de Moda Alternativa/ Réplica Histórica:

Lingerie Histórica - Petticoat (Anágua)

O Petticoat nada mais é do que uma anágua, ou seja, uma saia de baixo. Uma peça de roupa para ser usado sob outra saia ou um vestido.

Essa prática  começou a ser estabelecida em 1585, onde as anáguas eram usadas por mulheres que queriam modificar o formato do seu corpo através das roupas. A anágua,  volumosa ou dura, dava à saia de cima um formato de abóbada, dando a impressão de ter-se uma cintura menor do que realmente a mulher tinha. Anáguas elaboradamente decoradas eram usadas à vista sob vestidos com fendas abertas na frente em meados do século XVI e posteriormente no século XIX. Já as anáguas do século XVIII eram de lá ou seda e acolchoadas para esquentarem o corpo e eram usadas com vestidos curtos ou jaquetas.

No século XIX, anáguas elaboradas eram algumas vezes suportadas por ossos de baleia. E então, em 1820, a valsa tornou-se popular e as saias com anágua foram revividas na Europa e Estados Unidos, e elas passaram a ter mais voltas e múltiplas camadas volumosas.
O peso das roupas, assim como o peso e o aperto dos espartilhos, faziam as mulheres desmaiarem. Nas décadas da Era Vitoriana, onde um corpo “encorpado”, era associado à saúde, riqueza e pertencimento a uma classe mais elevada, as anáguas tinham papel essencial para dar volume no corpo, já que, ser magra era ser associada à pobreza, doença e pertencimento à classe baixa. Até 1870, as anáguas estavam muito em voga, até que entrou na moda o Bustle. Mas ainda houve um pequeno revival de vestidos cheios de anágua entre 1890 e começo do século XX, mas poucas mulheres usaram.

As anáguas foram revividas pelo estilista Christian Dior em 1947, quando ele criou o New Look (postagem específica em breve), um look com saias de muitas camadas, babados e anáguas engomadas, que ficaram muito populares na década e 50 especialmente entre as adolescentes.

Há poucos anos, as anáguas voltaram à moda através subculturas, primeiro pela moda Lolita japonesa e há seis ou sete anos atrás na moda a gótica, assim como na subcultura do Vintage Rock n Roll e pessoas que gostam de se vestir com trajes de época. A finalidade atual das anáguas nas subculturas, nem sempre é ser roupa de baixo, há anáguas feitas para serem usadas por cima das roupas e nas mais diversas cores. A cantora Amy Lee ajudou a popularizar as petticoats entre as adolescente nos Estados Unidos há poucos anos atrás.

As anáguas como armação/proteção de saias:


Sobre saia aberta/curta exibindo anáguas elaboradas:


Reproduções: 



Petticoats ao estilo tradicional americano:


A Moda Alternativa cria anáguas dos mais variados tecidos e modelos, não apenas  com a finalidade de ser lingerie, muitas peças são para se usar de modo aparente:


Lingerie Histórica - Crinolina/Cage

O termo Crinolina deriva de Crin, palavra francesa para crina de cavalo. Na França, a partir de 1829, a crina era enfiada através do petticoat para endurecere-lo. Mais tarde, na década de 1850, cana, barbatanas de baleia e aros de aço foram desenvolvidos para dar um efeito similar ao de uma gaiola (em inglês: cage).

Ao contrário do Farthingale e do Pannier, usado apenas pela corte e pelas classes altas, a crinolina foi adotada por mulheres de várias classes sociais, mesmo com muitas anáguas (para evitar que o aço aparecesse), peso e volume, havia uma produção em massa. A crinolina é considerada a primeira peça de roupa usada por todas as classes sociais. Mas, as peças eram objetos de sátira nos jornais e odiados pelos apoiadores da “dress reform”, um grupo de pessoas que lutava pela reforma do vestuário.
Dizem que a crinolina chegou ao tamanho máximo de três metros de diâmetro, e alguns jornais sensacionalistas diziam que as dificuldades das mulheres ao passar por portas, entrar em carruagens, assim como o perigo de pegar fogo em velas, ficarem presas em máquinas, fora os problemas de movimentos corporais. Apertadas por corsets, se as mulheres não se sentassem de determinada forma, a crinolina poderia voar em seus rostos e feri-las. Mas será que tudo isso era verdade? Ou chamariz para notícias?

Posteriormente, estas peças passaram a ser feitas apenas de aço, se tornando mais leves e fazendo com que apenas duas anáguas fossem suficientes pra esconder o metal. A gaiola de crinolina permitia às mulheres mover suas pernas livremente sob a gaiola mas a peça se balançava facilmente de um lado a outro, e como a decência era lei, elas deviam usar bloomers, botas acima tornozelo e evitar toda possibilidade de mostrar alguma parte das pernas.

O século XIX foi um período de dominação masculina, os homens eram considerados "sérios, ativos, fortes e agressivos" e usavam roupas escuras, com pouca ornamentação. As mulheres eram consideradas "frívolas, inativas, delicadas e submissas" e usavam roupas delicadamente enfeitadas que inibiam os seus movimentos. Alguns dizem que a crinolina simbolizava a fertilidade feminina, ampliando tamanho dos quadris, e a cage (gaiola), era um sinônimo de prisão feminina. Para outros historiadores de moda, a crinolina também era uma representação de como as mulheres burguesas "vestiam uma armadura" para encarar a vida urbana moderna, ou seja, a largura da enorme saia era uma barreira entre a usuária e as outras pessoas. Para os burgueses, essa distanciação era importante numa época em que a urbanização e industrialização levou a um contato mais frequente com estranhos. Também poderia ser uma forma de diferenciar-se da classe trabalhadora. Mas mesmo usando crinolinas, ao contrario do que se pensa, as mulheres eram muito ativas.


Por volta de 1864, a forma da crinolina começou a mudar. Ao invés de ser em forma de cúpula, a frente e os lados diminuíram e o volume ficou apenas na parte de trás, a peça foi chamada de Crinolette.
Em tempos recentes, em sua primeira coleção solo, a estilista Vivienne Westwood usou a crinolina como inspiração. A coleção era intitulada Mini Crini, onde ela usou crinolinas em saias curtas e com de aros de plástico flexível em 1987 (foto ao lado).

A crinolina é imensamente usada em vestidos de noiva, na subcultura Lolita e na gótica, já que ambas tem raízes na estética do século XIX. Um dos modismos mais recente é usar uma crinolina estilizada por cima das saias.

Crinolina de 1860 e 1867:


Formas de sentar de modo à não se machucar:


Sátiras de jornais com a crinolina:
Importante: sendo sátiras, não condizem com a realidade. Já vi a última imagem sendo usada como ilustração em apostilas e em outros sites sem avisar que é algo cômico. Atenção para a reprodução de informações incorretas.

Lingerie Histórica - Crinolette/Bustle

Por volta de 1864, a forma da Crinolina começou a mudar. Ao invés de ser em forma de cúpula, a frente e os lados começaram a se estreitar, deixando apenas o volume na parte de trás. O tipo de crinolina que apoiava este estilo era conhecido como um Crinolette

O crinolette é composta por 26 meios-arcos costurados em uma meia-saia de algodão. Os meios-arcos eram conectados por dentro da saia através de tiras, que poder-se-ia apertar ou afrouxar dependendo do tamanho desejado.


1870
1870
Mas a Crinolette  foi rapidamente substituído pelo Bustle.

Bustle é a evolução da crinolette, que aconteceu entre 1867 e 1872. Eram feitos em tecidos pesados visando puxar a parte traseira de uma saia para baixo e esticá-la, mas podia perder a sua forma no uso diário devido à movimentos como sentar-se ou movimentar-se com freqüência. Os crinolettes e os Bustles eram mais restritivos que as crinolinas, a frente reta e as tiras presas ao redor do corpo tornavam os movimentos mais difíceis.  O problema de sentar era resolvido empurrando o bustle para o lado ou sentando na ponta dos assentos.

Abaixo, bustle de 1875, 1885-87 e um desenho:


Muitos cartoons fizeram piada dos bustles, comparando as mulheres à besouros ou caracóis.


Com o bustle, o tecido em excesso e os enfeites foram transferidas para a parte de trás da saia. Esse volume ainda era necessário para dar a mulher a aparência de cintura fina e quadris largos. Entre as décadas de 1870 e 1880, o bustle teve as mais diferentes formas. Apenas durante um curto período entre 1878 e 1882, nenhum tipo de bustle foi usado e as costas dos vestidos eram retas. Mas então, ele reaparece em 1885 atingindo proporções exageradas. 


A moda dos bustles imensos acabou em 1889. Entre 1890 e 1900, o bustle sobrevive como um suporte elegante para as saias, pois equilibrava a famosa silhueta em S que empurrava o busto pra frente e os quadris para trás. A peça caiu em desuso entre 1905 e 1913, ao mesmo tempo que o corset.
 
Hoje em dia os bustles -  estruturas de metal - são raros, as exceções são nas coleções alta costura e vestidos de noivas. Mas durante uma época do Late Victorian as mulheres não usaram o bustle, foi a chamada era da "silhueta natural", elas apenas modelavam e davam volume à parte de trás  com os tecidos dos vestidos.
Um famoso exemplo recente de vestido com o bustle feito apenas em tecido, é o vestido feito pelo estilista Eiko Ishioka, que ganhou um Óscar por seu figurino no filme Drácula de Bram Stoker.



Créditos: Toda esta informação não é da minha autoria, foi retirada da internet, bem como as fotografias, do blog http://modahistorica.blogspot.com, apenas me interesso por história da moda e compartilho com quem gosta também.

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