Os calçados são, há muitos séculos, uma parte importantíssima do vestuário. E também uma forma de se posicionar socialmente: sapatos muito altos, incômodos ou com formatos pouco práticos eram privilégio dos muito ricos e identificavam muito bem quem era quem dentro da sociedade. Os sapatos vitorianos não eram diferentes e no artigo de hoje você vai conhecer alguns dos principais modelos da época.
SAPATOS VITORIANOS FEMININOS
Os sapatos vitorianos femininos são um capítulo à parte na história da moda. Se os sapatos masculinos foram se tornando basicamente pretos ao longo do século 19, o mesmo não aconteceu com os modelos femininos. As mulheres tinham uma infinidade de modelos, cores e decorações à sua disposição, que só ajudavam a reforçar ainda mais a relação erótica com os pés femininos.
Falar sobre sapatos vitorianos femininos é falar sobre botas. Com canos longos ou curtos, abotoadas ou trançadas, elas eram o sapato mais popular do século por conta de sua praticidade: botas podiam ser usadas para um passeio no campo ou para as compras na cidade, para viajar de carruagem ou de trem. Elas mantinham os pés quentinhos e protegidos da sujeira das ruas, ou seja, só vantagens!
Até 1850, as mais usadas eram as Botas Adelaide, um modelo que chegou à Inglaterra nos anos 1830. A forma delas é bastante estreita e o solado (quase) sem salto não é exatamente confortável, mas isso não impediu sua popularidade: elas eram raramente feitas em couro, mas estavam disponíveis em uma infinidade de cores de cetim, tafetá e até em tecidos brocados. A característica mais distinta das Botas Adelaide é sua amarração lateral:
A partir dos anos 1850, as Adelaides perderam espaço para as botas fechadas com cadarço na frente. Nesse momento os Estados Unidos se tornavam os maiores produtores de sapatos do planeta, ao criar solados flexíveis, que se adaptavam ao formato e movimento dos pés.
Nos anos 1870, quando as crinolinas saíram de moda e deram lugar às anquinhas (bustle), as botas se tornaram ainda mais detalhadas e constritivas, ganhando botões que só podiam ser fechados com o auxílio de um gancho especial. Feitas em couro ou tecidos nobres, essas botas recebiam diferentes nomes dependendo do fabricante e local, mas tinham todas a mesma carinha que muita gente conhece como “bota da vovó“. É um dos modelos mais icônicos de sapatos vitorianos!
As botas com laterais elásticas eram um outro modelo bastante comum, até mesmo para trajes formais diurnos. Um exemplo lindo é essa botinha de um traje de casamento dos anos 1890:
Mas havia também as botas de gala, para jantares, idas à ópera e, eventualmente, bailes. Três coisas identificavam as botas de gala: eram feitas em tecido de seda (veludo, tafetá, cetim, brocado); bem ajustadas ao pé e à perna; sempre tinham salto. Não era incomum que esse tipo de bota fosse decorado com bordados, laços e flores de cetim:
Para as mulheres ricas, as botas de carruagem eram uma peça indispensável. Pretas ou coloridas, mas raramente bordadas, essas botas eram forradas com pele e fechadas com laços, mantendo os pés aquecidos durante as longas viagens de inverno através da Europa:
SCARPINS VITORIANOS?
Pode parecer estranho que algo tão moderno existisse já no século 19, mas sim, os scarpins não só existiam como eram muito populares na Era Vitoriana. Eles eram basicamente sapatos para ocasiões formais, feitos em tecidos nobres e delicados; por isso não eram usados com frequência. O típico scarpin vitoriano tem o bico quadrado ou fino e é aberto no peito do pé:
Como sapatos de gala, era comum que os scarpins fossem feitos em material e cores que combinavam com trajes específicos, como esse modelo dos anos 1890:
Os modelos com tiras aparecem só no finalzinho do século 19 e se tornam realmente moda é na Era Eduardiana.
SAPATILHAS & CHINELINHOS
Tão populares até os dias de hoje, as sapatilhas são uma invenção do final do século 18, que foi aperfeiçoada na Era Vitoriana. Via de regra, as sapatilhas vitorianas têm o bico quadrado ou pontudo e são mais altas no peito do pé do que as sapatilhas modernas. Elas também têm a forma mais justinha no pé.
As sapatilhas eram consideradas os sapatos vitorianos diurnos por excelência e próprios para espaços fechados. Eram perfeitamente aceitáveis para se usar em casa e para receber visitas, mas não para fazê-las.
Até metade dos anos 1840, ainda sob influência da Era Romântica, a gente encontra algumas sapatilhas que eram usadas em jantares, feitas em cetim ou tafetá, como essa aqui:
Uma ocasião na qual as sapatilhas continuaram aparecendo ao longo de toda a Era Vitoriana foi nos casamentos. A Rainha Vitória se casou com uma linda sapatilha de cetim branco em 1840 e não era incomum que as noivas encomendassem sapatilhas especificamente para combinar com seus vestidos:
Mas era em casa que as sapatilhas dominavam! Quando procuramos por elas nos museus, parece até difícil acreditar que sapatos tão lindos e decorados fossem feitos apenas para ficar em casa:
Década de 1870
Acontece que na Era Vitoriana a prática de trabalhos manuais pelas mulheres começou a ser valorizada como algo típico do cuidado com o ambiente doméstico, que, na mentalidade da época, era o único espaço desejável e adequado para as mulheres. Bordar e decorar sapatilhas e chinelinhos de usar em casa se tornou chic entre a classe média e a classe alta. As mulheres bordavam os tecidos a partir de projetos e receitas que eram publicados nas revistas femininas da época, como a “Harper’s Bazaar” e a “Magasin des Modes” (no Brasil essas receitas eram traduzidas e republicadas), e depois os bordados eram enviados aos sapateiros, que montavam a sapatilha:
Ou o chinelinho:
Esse é um chinelinho masculino, 1835-1849.
SAPATOS VITORIANOS MASCULINOS
Desde a Regência, uma dos sapatos masculinos mais populares eram as botas. Feitas em couro, elas variavam muito em corte e comprimento do cano, de acordo com a ocasião. De forma geral, as botas de cano longo só eram usadas para cavalgar ou em dias de tempo muito ruim, sendo absolutamente inaceitáveis para o trabalho ou ocasiões sociais, por exemplo.
Entre as botas de cano longo, uma das mais populares eram as Botas Wellington. Elas entraram na moda durante as Guerras Napoleônicas e permaneceram em voga até os anos 1840, quando eram usadas até em pequenas reuniões informais:
De 1840 em diante, as botas de cano longo começaram a dar lugar a botas mais curtas, com o cano um pouco mais comprido do que uma ankle boot moderna. Muitos desses modelos eram abotoados e os botões eram fechados com ganchos do mesmo jeito que as botas femininas:
Os modelos fechados com cadarço também eram bastante usados no dia-a-dia. Esse era um estilo muito usado pelo Príncipe Albert, o que só contribuiu para sua popularidade:
Foi justamente no século 19 que os sapatos deixaram de ser feitos de forma artesanal e passaram a ser produzidos em escala industrial. A partir dos anos 1840, máquinas específicas para eles foram inventadas: para costurar as partes de couro, fixar o solado, aplicar ilhóses e até costurar os botões no lugar. Mas uma das grandes inovações em favor do conforto e da praticidade foi a introdução da lateral elástica. As Botas Paddock foram patenteadas simultaneamente nos Estados Unidos e Inglaterra em 1839, mas foi no Reino Unido que se tornaram mais famosas e ganharam o nome de “Botas Chelsea“. A Rainha Vitória era particularmente fã desse estilo e encomendou várias delas para suas viagens pela Escócia e passeios no campo:
Para as ocasiões formais, os homens deixavam de lado as botas e adotavam os ancestrais dos sapatos sociais modernos. No século 19, esses sapatos sociais eram feitos em tecidos nobres e delicados, como cetim e tafetá, com uma ponteira de couro. Sapatos, gravatas e modelos de barba eram alguns dos poucos espaços da moda masculina que permitiam ao homem inovar e um sapato social com a ponteira bem conservada e lustrosa era um objeto de muita atenção e cuidado.
Para as cerimônias oficiais da Corte e bailes, os homens usavam uma espécie de sapatilha de bico quadrado, feita de couro polido, fechada com laços ou fivelas:
Créditos: Toda esta informação não é da minha autoria, foi retirada da internet, bem como as fotografias, do blog https://amodistadodesterro.com, apenas me interesso por história da moda e compartilho com quem gosta também.
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